Solidão

A solidão veio chegando de mansinho como quem não quer nada, conversando ao pé do ouvido com a voz um pouco engasgada entre soluços cortados. Aconchegada nos braços , já sem vergonha, as lágrimas rolando pelo rosto silênciosas como a noite em que tudo parou, consegui entender o desespero transparente , a urgência doente em passarmos um tempo juntas.
Pobre alma aquela que se entrega a outros sem ter entregado primeiro a si mesma , nos extremos da convivência a pior parte vem logo depois de já se ter tudo planejado e não querer ir adiante , é como álcool em ferida aberta, é como gastar seu último centavo em um algodão doce e avistar logo a frente um picolé em um dia escaldante, não se pode fazer nada mas o coração palpita com a vontade de mudar.
Pobre de quem quer a solidão sem poder té-la .